domingo, 12 de maio de 2013

6º Capitulo

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(Laura)
Enquanto lia o e-mail que a Jess me tinha mandado, ia soltando algumas gargalhadas. Realmente ela continuava a mesma. Desliguei o computador e assim que me levantei para vestir o pijama, pois já não iria sair, entra a minha mãe com uma colher de pau.
- Não ouviste falar contigo, Laura Maria? – Falou a bater com a colher na mão. Odiava quando ela me chamava Laura Maria. Antes já me chamava isso quando me postava mal o que era muito raro mas desde que tinha deixado de estudar para trabalhar começara a chamar-me isso, todos os santos dias.
- Não. – Respondi com a maior calma enquanto procurava um elástico para prender o cabelo.
- Tu não me fales assim, Laura. Eu quando te liguei disse-te que te queria em casa com o teu irmão o mais tardar cinco horas e tu apareces duas horas depois. Onde estivestes? – Falou com um tom mais rígido. A colher de pau continuava a bater na mão contrária á que segurava.
- Estive com o Rodrigo porquê? – Sabia que isso a ia chatear mas pouco me importei. Também sabia perfeitamente que ela não aceitava o meu namoro com o Rodrigo. Sempre falara que éramos de classes sociais e por isso não iria durar muito. Ela sempre quis que eu namorasse, casasse e tivesse filhos com o Gustavo, filho de uns amigos da minha mãe. Isso não fazia muito sentido pois tinha o visto uma ou duas vezes, não mais e o rapaz tinha 16 anos.
- Agora nas tuas folgas só sabes estar com ele. – Falou com repulsa.
- Pois. Tenho de aproveitar as folgas que tenho para estar com ele. Porque ao contrário de muitas pessoas, eu trabalho tenho pouco tempo livre. – Atirei de rajada. Sabia que a minha mãe não ia gostar de ouvir isto mas certamente estava farta das bocas da minha mãe.
Assim que acabei de falar a minha mãe levantou a colher de pau com intenções de me bater mas foi travada pelo meu pai que devia estar á porta do quarto a ouvir a conversa.
- Tu não queres fazer isso. – Falou o meu pai calmamente. A minha mãe olhou-o, baixou a colher e abandonou a divisão. – Porque é que provocas a tua mãe dessa maneira? – Perguntou-me depois de se sentar a meu lado na cama.
- Ela é que começou. – Defendi-me.
- Eu sei quem começou. – Falou novamente calmamente. Quando ele falava desta maneira fazia-me acalmar completamente. – Mas tu também deitas talhas para o fogo.
- Eu sei. – Baixei o olhar. - Mas odeio quando ela fala do Rodrigo com aquele tom de voz. Parece que é um bicho-de-sete-cabeças.
- Não vamos exagerar. É só de uma cabeça. – Sorriu. – Dá tempo ao tempo. Vais ver quando deres por isso já a mãe aceitou o vosso namoro.
- Mas se tu aceitas-te bem porque é que ela não o fez? – Por mais que eu não quisesse mostrar sentia-me triste por a minha mãe não aceitar o meu namora com o Rodrigo. Pequenas lágrimas começaram a brotar nos meus olhos.
- Sabes eu ao início também fiquei com receito quando soube do vosso namoro. – Olhei-o surpreendia. – Pensei que ele iria fazer mal á minha menina mas depois de o conhecer acreditei que ele gostava mesmo de ti. Pude ver da forma que ele te olhava. E soube logo que ele iria cuidar bem da minha menina. E vi que não valia a pena ter esse receio. - Quando acabou de falar colocou a mão no queixo e levantou-me a cabeça. De seguida limpou cuidadosamente as lágrimas que teimavam a cair.
Mas foi impossível sorrir com que ele disse. De certa forma tranquiliza-me e fazia-me perceber que podia contar com ele para tudo.
- Agora põe um sorriso nessa cara linda que daqui a pouco vamos jantar. – Fiz o que ele me disse e sorri.
Antes de abandonar a divisão deu-me um beijo na testa. Aproveitei que o jantar não estava pronto para vestir o meu pijama.
Não demorou muito para me chamarem para jantar. O ambiente á mesa estava estranho, constrangedor. Apenas o meu pai e o meu irmão falavam. De vez em quando a minha mãe olhava-me de lado mas já me tinha habituado a isso.
Só queria que este jantar acabasse depressa. Como hoje era a minha vez de limpar a cozinha, assim o fiz.
Acabei de limpar a cozinha e fui para o quarto onde tentei ligar umas quantas vezes á Jess mas em nenhuma ela atendeu. Olhei para o relógio e já era um pouco tarde portanto decidi deitar-me e apagar as luzes. Assim que o fiz a luz do meu telemóvel acendeu. Vi que era a Jess a retomar a chamada.
Atendi e estivemos a falar durante uns breves minutos pois ela estava a trabalhar.
Depois de acabar de falar com ela, deitei-me e rapidamente adormeci.

***
Acordei com a claridade a entrar pela janela do quarto. Coloquei a almofada em cima da cabeça para que a claridade que se fazia sentir no quarto não me afectasse.
Deixei-me ficar um pouco mais na cama mas por pouco tempo pois o Frederico entra no quarto e começa a saltar na cama.
- Mana acorda. – Falou continuando a falar. – Acorda já é dia!
Fiz-lhe a vontade e levantei-me. Tomei um duche rápido e depois vesti-me.
 
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Como hoje iria trabalhar decidi vestir um conjunto que normalmente não utilizo muito.
Tomei o pequeno-almoço juntamente com o meu irmão pois o meu pai já devia estar a caminho do emprego e quanto á minha mãe, bem, não faço a mínima por onde andará.
- Mana posso ir jogar á bola com o Manel? – Perguntou-me depois de eu ter acabado de lavar a loiça do pequeno-almoço.
- Podes mas leva as chaves que vou sair.
- Onde vais? – Perguntou atirando-se para cima do sofá.
- Vou trabalhar. – Falei como fosse óbvio. – Mas antes ainda vou passar pela oficina do Salvador. – Falei enquanto vestia o casaco e metia as chaves na carteira. – Até logo. – Fui até ele e depositei um beijo na testa.
Sai de casa e desci as escadas rapidamente, assim que abri a porta do prédio aparece a minha mãe carregada com sacos. Deduzi que tivesse ido ás compras.
- Onde vais? – Perguntou assim que olhou para mim.
- Trabalhar. – Falei calmamente.
- Humm. Pensei que ias ter com o Rodrigo. – Falou com desprezo. – Mas também não trabalhas muito longe dele. – Continuou a falar com aquele tom de voz que odeio.
- Até logo. – Falei antes que lhe dissesse alguma coisa que mais tarde me viesse a arrepender.
Caminhei devagar até á oficina, onde iria encontrar o Salvador. Não era muito longe portanto cheguei rápido.
Assim que entrei na oficina não havia ninguém portanto decidi chama-lo.
- Salvador! – Falei um pouco mais alto para que ele me ouvisse. Em resposta ao meu chamamento obtive um barulho esquisito.
O que será e quem terá feito aquele barulho esquisito?

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