sábado, 20 de abril de 2013

4º Capítulo

 (Jess)
Quando eu acordo na manhã seguinte, vejo que ele ainda está a dormir ao meu lado e sinceramente é isso que eu odeio quando se acaba por dormir em minha casa e eu tenho de lidar com o acordar na manhã seguinte, a fingir que ele quer saber e eu não me posso escapulir antes que ele acorde. Levanto-me com o máximo de silêncio que posso e deixo o quarto, visto alguma roupa que tinha sido espalhada na sala na noite anterior e saío do meu apartamento, sinceramente não acredito que estou a fugir do meu próprio apartamento. Não acredito que isto é o ponto onde cheguei com a minha vida, eu preciso mesmo de mudar, fugir e começar outra vez.
Já estou de volta para casa depois de um copo de café e uma fatia de tarte de maçã (só porque 8 da manhã é demasiado cedo para beber), ao entrar no meu apartamento, eu dou com ele sentado no balcão da minha cozinha, esse não era o meu objetivo ao escapulir-me de manhã.
- Hey.
- Bom dia. Quando acordei já não estava lá.
- Fui comprar café.
- Tens algum para mim?
- Não. Sinceramente não estava à espera que estivesses aqui.
- Okay. – Eu fico a olhar para ele, à espera que saia de minha casa, mas ele não se mexe, continua sentado ao balcão em calças e tronco nu a comer dos meus cereais. – Não estás a pensar em ir embora.
- Nope. Quem é a rapariga da foto? – Ele aponta para a foto que eu costclip_image002umo ter no armário cheio de livros, que agora está na mão dele. – A rapariga com que estavas a falar ontem?
- Não, essa era a minha irmã. A foto é da minha filha.
- Tu tens uma filha?
- Sim. Não falámos exatamente de promenores ontem à noite.
- Eu sei, e não parece justo. A ti basta gloogear o meu nome e toda a informação que queres aparece. Eu nem sequer sei o teu último nome.
- Jess, só isso. Nada de último nomes, nada de factos pessoais. – Odeio quando eles fingem que se importam, quando no dia seguinte já não estam lá.
- Ok. Podes pelo menos responder-me a uma pergunta sobre a foto.
- Depende.
- De quê?
- Da pergunta.
- Quando é que foi tirada.
- Foi uma amiga dela que tirou ela deu-me da última vez que a vi, à cerca de um ano, antes de ela embarcar no avião.
- Onde é que ela está agora?
- Nova Zelândia. – Eu puxo uma cadeira e sento-me ao lado dele e acho que ele percebe que quando disse que não quero falar de nada pessoal, eu estou a falar a sério.
- Então, posso te ver outra vez? – Isto apanhou-me de surpresa.
- O quê?
- Eu estou cá por algumas semanas a visitar amigos, e eu gostava de te voltar a ver, levar-te a jantar fora, não só sexo.
- Porquê?
- Eu não sei. Eu sei que gostava.
- Se quiseres podes passar por cá. Mas não contes em levar-me a jantar fora.
- Porquê?
- Eu não sou o tipo de mulher que tu queres em revistas contigo. – Eu não quero o meu passado espetado para todo o mundo ver, pois nem todos os meus dedos contam a merda que eu já fiz.
- Ok. – Ela não pergunta mais nada sobre o asssunto. – E se eu trouxer comida e um filme, abres-me a porta?
- Pode ser. – Eu sei que ele se vai arrepender, mas deixa-o sonhar que eu sou alguém que vale alguma coisa.
- Então quando estás livre?
- Sexta e sábado. O bar está cheio, ele não me deixa tocar.
- Tu tocas e cantas maravihosamente.
- Obrigada. Desculpa, mas vais ter de despachar-te, eu tenho de sair para o trabalho em meia hora e ainda me tenho de arranjar.
- Desculpa. Podes te ir arranjando, eu vejo-me porta fora, prometo.
Então eu levanto-me, mas antes de me afastar ele puxa-me uma última vez para beijar os meus lábios.
Quando saio do meu quarto pronta para sair, 27 minutos desde que me despedi dele, reparo num papel em cima da bancada da cozinha.
Sexta à noite,
Chinês e Notting Hill
Até lá,
X.A.

A seguir disto, eu na mesma não consigo deixar de pensar que ele não vai aparecer, mas é o que anos de descontentamento me fazem.

sábado, 13 de abril de 2013

3º Capítulo

 (Jess)
- Jess, podes tocar a tua música hoje. – diz-me o Bob (o meu patrão) mal eu saio do palco para a parte de trás do bar, para o meu intervalo de 10 minutos. Ele deixa-me tocar as minhas músicas, sempre que há pouca gente.
- Ok. Obrigada
Eu olho para o meu telemóvel e vejo que tenho uma chamada perdida da Laura, decido ligar-lhe já antes que ela tenha de ir dormir, o telemóvel toca três vezes antes que ela atenda.
- És tu, Jessie.
- Hey, L. Como é que estás?
- Bem. E em resposta ao mail, ainda estou com o Rodrigo e estamos protegidos, está descansada. E tu como é que vais?
- Normal. Estou no meu intervalo – volto a olhar para o relógio – já só tenho 8 minutos. Como hoje está pouca gente, posso tocar algumas das minhas músicas.
- Isso é porreiro. Ainda estás com o Jake?
- Oh, isso. Acabou à semanas, e nós não estávamos bem juntos, era mais tipo...
- ...acabar na cama juntos.
- Sim. Uma coisa que tu não devias fazer ou até saber o que é.
- Eu posso dizer-te que sei muito bem como é estar na cama com alguém, e o que tu podes fazer lá, Jess, maravilhoso.
- Eu sei que tu sabes. Só te estou a dizer para te manteres nesse, e não andares para aí a inventar.
- Tu podes.
- Eu tenho mais 20 anos do que tu.
- É impressão minha ou tu adoras usar a tua idade contra mim.
- A vantagem de ser mais velha.
- Eu sei. Eu faço o mesmo com o Fred.
- Como é que ele está depois de tudo.
- Ele está a processar tudo. Ele diz que quer falar contigo.
- Diz para me ligar. E volta a dizer-lhe que o amo.
- Claro. Noutro assunto, eu estava a falar com a Bianca no outro dia e nós estávamos a discutir o nome do Pokémon cor de rosa que canta e depois desenha nas pessoas.
- Yeah. O Charmander.
- Não, a Bi também estava a dizer que era esse, mas eu tenho a certeza que era o Jigglypuff. Esse é uma espécie de dragão.
- Não. É o Charmander. Sabes quantas vezes eu accordava e via os Pokémon com a Sofia.
- Sabes quantas vezes eu acordava para os ver. É o Jigglypuff.
- Não, a coisa rosa que canta é o Charmander. Pára de ser teimosa.
- O Charmander era uma espécie de dragão, a coisa rosa que canta como tu dizes é o Jigglypuff. – Eu ouço uma voz atrás de mim a dizer-me, e eu só desvio o telemóvel do meu ouvido e sem virar a cabeça digo:
- Podes não te meter na conversa das pessoas se faz favor.
E com isto suponho que ela tenha deixado a sala, pois quando me viro ele não está lá.
- O que foi isso?
- Um gajo qualquer a dizer que estás certa.
- Gosto dele.
- Claro.
- Jess, estás de volta em 1 minuto. – Bob grita.
- L, tenho de ir. Tenho de entrar em um. Beijos. Amo-te e diz ao Fred que eu também o amo.
clip_image001[7] - Adeus, Jessie. Ligo-te brevemente. Amo-te do tamanho do mundo. – Ela disse-me da mesma maneira que ela dizia quando era pequena, que tornou-se a sua maneira de me dizer adeus. Eu desligo o telemóvel, pego na guitarra e penso que música vou tocar hoje e depois lá vou para o placo.
***
Acabei de tocar à 5 minutos são 2 da manhã, o bar fecha em meia hora, tenho de ficar por cá para ajudar a limpar isto. Por isso agora estou no bar com um copo de vodka à minha frente ou vou dando golos, até uma voz surge atrás de mim.
- A tua voz é linda. – E ele senta-se ao meu lado, sem sequer pedir, quando olho para ele, parece que a Laura não é a única com sorte no futebol.




sábado, 6 de abril de 2013

2º Capitulo

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(Frederico)
Estava deitado na cama a ler um livro quando ouço a minha mãe a discutir novamente com a minha irmã. Desde que a Laura decidiu deixar de estudar quês estas discussões têm vindo a aumentar. Claro que não gosto de ver duas das pessoas que mais gosto neste mundo a discutir por coisas tão simples mas desde que nasci tem sido sempre assim. Ultimamente as discussões eram sobre o Rodrigo, o namorado da minha irmã. Eu gosto dele, é simpático mas acima de tudo faz a minha irmã feliz mas a minha mãe não vê isso. O meu pai bem tenta que estas discussões parem mas é completamente impossível pois se não discutem na sua presença, discutem quando ele está a trabalhar.
Decidi ir ter com elas. Sabia que iam terminar com aquela gritaria no momento em que me aproximasse delas e como sempre resultou.
A Laura pediu-me para ir buscar o casaco e assim o fiz e rapidamente saímos. Rapidamente chegamos á escola e depois de eu brincar um pouco com os meus colegas fui para a fila.
Quando chegou a minha vez entreguei os meus papéis calmamente. A senhora que estava a fazer as matriculas olhou para os papéis e sorriu. Que estranho. Não percebi o porque do sorrir e fiquei a perceber muito menos quando falou.
- Com que então és irmão da Laura. Conheço-a muito bem. Sabes que ele é uma grande interesseira? E a tua irmã Jessica, puta até dizer basta. – O quê? Minha irmã Jessica?! Mas eu só tenho uma irmã que é a Laura. Ia falar com a senhora quando a Laura começa a resmungar com a auxiliar.

(Laura)
Não queria acreditar que a senhora tinha dito aquilo ao meu irmão. Ainda por cima ele não sabia da existência da Jessica.
- Mas quem pensa que você é? Estar ai a falar das coisas que não sabe e nem lhe diz respeito. Não tem o direito de tocar no nome da Jessica e muito menos chamar-lhe nomes. Por isso trate da sua vida que eu trato da minha. – Não aguentei ficar calar. A minha vontade era mesmo mandar-lhe um par de estalos mas tive de me controlar. Ela não podia ter dito aquilo depois de tanto tempo a esperar pelo momento certo para lhe contar, e basta vir fazer a matrícula para deitar tudo a perder. O Frederico ficou atónico, não sabia como ele iria reagir pois ele era o tipo de pessoa que guardava todos os seus sentimentos para si. Assim que terminamos de fazer a matricula, o Frederico saiu dali a correr. Segui-o e encontrei-o sentado nas escadas como os braços cruzados em cima das pernas e com a cabeça apoiada nelas. Sentei-me a seu lado e com a minha mão passei lentamente no seu cabelo mas rejeitou o meu toque. Assim que viu o Rodrigo correu até ele e abraçou-o. Neste momento sentia-me a pior pessoa á fase da Terra. Suspirei e levantei-me indo ter com eles mas sempre com o receito do Frederico voltar a fugir. E foi o que aconteceu assim que me aproximei deles. Era compreensível o seu comportamento também não iria gostar que me escondessem o facto de ter mais uma irmã.
- O que é que se passa? – Perguntou depois de me dar um beijo na testa. Esta visível na sua cara que não estava a perceber nada do que se passou. Tentava conter as lágrimas ao máximo mas assim que ele me olhou nos olhos não resistir e comecei a chorar. Ele não disse nada apenas me abraçou. Sabia tão bem um abraço dele neste preciso momento.
- O que é que se passou? Por favor diz-me. – Sabia que ele não gostava de me ver desta maneira e conseguia notar no seu olhar.
- Ele já sabe de tudo. – Tentei articular bem as palavras mas era bastante difícil pois não conseguia para de chorar.
- Tudo, o quê? – Perguntou ainda mais confuso que estava anteriormente.
- Tudo. – Repeti. – Sabe sobre a existência da Jessica. – Ele ai abraçou-me ainda mais. Ele sabia o quanto este assunto era sensível e que desde que ela se tinha ido embora se tinha tornado tabu.
Puxou-me pelo braço até ao jardim onde o meu irmão estava, assim que nos viu afastou-se ainda mais. O Rodrigo fez com que me sentasse num dos bancos existentes no jardim e foi ter com o meu irmão. Por mais que quisesse, não conseguia segurar as lágrimas parecia cair ainda mais. Com o passar do tempo limpei as lágrimas que teimavam a cair.
Não demorou muito até ver o meu irmão a correr na minha direcção. Assim que chegou perto de mim abraçou-me até não poder mais. Não sabia o que o Rodrigo lhe tinha dito mas certamente tinha resultado. Quando ele se sentou ao pé de mim, saltei-lhe para o colo e beijei-o até o ar escassear.
Não ficamos ali durante muito tempo pois a hora de almoço aproximava-se. Enquanto o meu irmão estava entretido a jogar na playstation, eu e o Rodrigo tratamos do almoço.
Depois do almoço, decidi mandar um e-mail á Jess a contar o que se tinha sucedido nesta manhã. É claro que ela não iria ficar muito contente com o que se tinha passado.
A tarde foi passada a ver filmes com direito a luta de pipocas. Mas quando chegou as sete horas da tarde já tinha a minha mãe a ligar-me constantemente a avisar-me que já eram horas de ir para casa. E para ela para de me chatear assim o fiz.
Quando entrei em casa, vi que o meu pai ainda não tinha chegado do trabalho. Se não fosse não sabia da existência da Jess.
- Isto é que são horas de chegar, Laura Maria? – Ouvi-a berra da cozinha. É que nem me deu ao trabalho de responder, não estava com paciência para a ouvir.Apenas fui até ao meu quarto e ai vi se a Jess já tinha respondido ao mail.
***
De: Jess
Para: Laura
Assunto: ELE SABE!!

Hey,
Mas a sério?!
Não acredito que a velha lhe disse isso, ele tem 10 anos, Laura. Ele não precisa de ouvir que a irmã é uma puta, especialmente se ele nem sequer sabe que eu existo.
Eu sei que nós tinhamos falado em dizer-lhe, que ele já tinha idade de entender, de o esconder da mãe caso lhe pedissemos, mas nunca pensei que tivesse de ser assim. Muito obrigada por falares com ele, e limpares a minha imagem. Diz ao Frederico que eu o adoro, e eu também te adoro, L.
Espero que esteja tudo bem contigo? Ainda andas com o Rodrigo? Sinceramente não acredito que andas com um jogador de futebol. Ainda ‘tás na pílula, certo? Eles ainda te a dão grátis na clínica, certo?
Estou a pensar em mudar-me outra vez, estou a viver em Londres à quase dois anos, mesmo número de anos em que eu não te vejo, isto de viver numa ilha não dá muito jeito. Estou a pensar Sul de França, mas eu prometo que passo por aí primeiro para matar saudades e finalmente conhecer o Fred.
XOXO,
Jessie

P.S.: Ainda não consigo acreditar que ao fazer a matrícula, as mulheres dizem ao Fred que a irmã é uma puta e que a outra é interesseira (o que tu não és, querida), especialmente contigo ao lado. Mas elas não tem nada na cabeça, são umas autênticas cabras. Mas aposto que a mãe concordaria com o que ela disse de mim.
Agora é que é adeus.
Beijos e liga-me quando quiseres, estou sempre aqui para ti.